Um amigo do trabalho (que será tratado aqui como "teachero") contando sobre um intercâmbio que fez em Israel contou a forma interessante de como se virava nesses momentos de fome+falta de grana num país estrangeiro. Pedi por muito tempo que ele escrevesse essa história para ser publicada aqui no Fast Food de Pobre, e finalmente temos seu relato sobre o que ele apelidou de "McTrash".
"Eu trabalhava com a Dri até hoje, e contando sobre meu intercâmbio ela pediu para eu escrever sobre uma história que ela achou legal aqui para o blog.
Intercâmbio pode não parecer uma experiência de pobre. Mas considerando que eu fui para esse intercâmbio em 2003, com o dólar a R$2,30 e pagando o programa com subsídio, da pra ter idéia de que não foi barato. Por isso, para passar 11 meses em Israel, mesmo tendo todas as refeições, casa e roupa lavada, ainda precisaria de algum dinheiro para coisas importantes (como vodka e narguila) e tudo que tinha eram U$500,00, ou seja, menos de 50 dólares por mês. (Não dá pra nada!)
Fato é que não dava para pensar em comer fora, nem mesmo num McDonalds. Então, para matar a vontade de um hamburguer com batata frita, nós fazíamos o tal "McTrash" que, segundo o dicionário, é a técnica de comer o lanche que outras pessoas não terminaram de comer e vão jogar fora.
Várias vezes nós pedíamos para quem estava levantando da mesa o que sobrou e comíamos sem problema, e outras vezes a gente simplesmente pegava sem pedir.
Mas a melhor história aconteceu em Tel Aviv, quando fomos passar um fim de semana livre lá. Sem dinheiro nenhum e com mais 6 amigos. Quando a fome bateu fomos para um shopping e fizemos McTrash, até que uma senhora percebeu e veio falar com a gente. Nessa época a Argentina estava em grande crise econômica e muitos argentinos estavam indo morar em Israel. Então, para deixar a senhora comovida, a gente falou que era argentino e ela, com dó, acabou pagando um lanche para todos.
Essa é uma experiência inesquecíve e quem tiver possibilidade faça, porque é engraçadíssimo!"
Teachero, 27 anos