segunda-feira, 4 de julho de 2011

McTrash

Imagine-se na seguinte situação: Você está num país desconhecido. Você está com fome. Você não tem um puto no bolso. Complicado ahn? Pois é... Sempre me lembro da uma propaganda de curso de inglês em que o cara pedia "hamburger" na lanchonete mas não conseguia entender o que a atendente dizia e só repetia "hamburger". Acho que a sensação deve ser parecida... Ou pior se você está sem grana.

Um amigo do trabalho (que será tratado aqui como "teachero") contando sobre um intercâmbio que fez em Israel contou a forma interessante de como se virava nesses momentos de fome+falta de grana num país estrangeiro. Pedi por muito tempo que ele escrevesse essa história para ser publicada aqui no Fast Food de Pobre, e finalmente temos seu relato sobre o que ele apelidou de "McTrash".

"Eu trabalhava com a Dri até hoje, e contando sobre meu intercâmbio ela pediu para eu escrever sobre uma história que ela achou legal aqui para o blog.

Intercâmbio pode não parecer uma experiência de pobre. Mas considerando que eu fui para esse intercâmbio em 2003, com o dólar a R$2,30 e pagando o programa com subsídio, da pra ter idéia de que não foi barato. Por isso, para passar 11 meses em Israel, mesmo tendo todas as refeições, casa e roupa lavada, ainda precisaria de algum dinheiro para coisas importantes (como vodka e narguila) e tudo que tinha eram U$500,00, ou seja, menos de 50 dólares por mês. (Não dá pra nada!)

Fato é que não dava para pensar em comer fora, nem mesmo num McDonalds. Então, para matar a vontade de um hamburguer com batata frita, nós fazíamos o tal "McTrash" que, segundo o dicionário, é a técnica de comer o lanche que outras pessoas não terminaram de comer e vão jogar fora.

Várias vezes nós pedíamos para quem estava levantando da mesa o que sobrou e comíamos sem problema, e outras vezes a gente simplesmente pegava sem pedir.

Mas a melhor história aconteceu em Tel Aviv, quando fomos passar um fim de semana livre lá. Sem dinheiro nenhum e com mais 6 amigos. Quando a fome bateu fomos para um shopping e fizemos McTrash, até que uma senhora percebeu e veio falar com a gente. Nessa época a Argentina estava em grande crise econômica e muitos argentinos estavam indo morar em Israel. Então, para deixar a senhora comovida, a gente falou que era argentino e ela, com dó, acabou pagando um lanche para todos.

Essa é uma experiência inesquecíve e quem tiver possibilidade faça, porque é engraçadíssimo!"

Teachero, 27 anos


3 comentários:

  1. Talvez esse seja um de meus primeiros comentários aqui. Aliás, acompanho há um tempo já o blog, mas... whatever.

    quem faz intercâmbio de 11 meses, tem dinheiro sim para comer. Não no McDonalds, mas tem dinheiro. Oras... estamos num blog de fastfood de pobre... Boa época de dogão com duas salsichas na república por R$1. Se é para ser trash, é para ser barato, congelado, imitar o top e ser trash. Como tomar o guaraná jesus.

    Só que nesse post o cara aí não se revelou trash, e sim um filhinho de papai que foi viajar sem se preocupar com quem pagava as contas. Não sei circunstancias e tudo mais. Parto do pressuposto de que ele é um jovem perto de 30 anos que em 2003 devia estar perto dos 20 anos. Mesmo perfil de quem não pertence a um grupo, e toma atitudes para fazer parte do grupo. Como roubar uma revista numa banca, arrumar briga na fila de balada, tunar o carro e acelerar...

    Pegar comida que ninguém quer mais e comer, é lamentável simplesmente pq ele não precisa fazer isso. Já passei sim por muitas pessoas que pediram comida em lanchonete. Pessoas sujas, pobres, de chinelo... que pareciam ter perfil de quem realmente precisa de algo. Esse cara aí do post precisava também de vergonha na cara.

    Ele é o típico brasileiro esperto que vestiria uma barriga de grávida para furar fila. Aquele que compra DVD pirata, acelera no sinal amarelo no trânsito, xinga quem está de bicicleta na direita, finge que está dormindo no assento azul do metrô, anda pelo acostamento no transito de um feriado na praia... a pessoa típica que faz jus ao jeitinho brasileiro. Esse mesmo que estamos vendo de camarote na arquitetura da copa.

    Já tive um quase cliente que pagou uma cadeira de rodas para a mãe sentar no Vaticano, só para ele ter a desculpa de chegar mais perto do papa em uma cerimônia. Esse cara aí do post é igual.

    Na Trip do mês passado saiu um artigo do cara da Thymus, lá nas últimas páginas, que falava sobre uma apresentação de piano em q não era permitido fotografar. No bis, as pessoas fotografaram (jeitinho brasileiro way of life) e por conta desses 10 q fotografavam, o pianista se retirou do palco e as outras 1000 que estavam lá para assistir sem tirar foto foram prejudicadas.

    "(..)experiência inesquecíve e quem tiver possibilidade faça, porque é engraçadíssimo!"

    sem mais.

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  2. Concordo plenamente com o comentário acima.... É lamentável ler como existem pessoas no mundo que se orgulham em enganar outras pessoas, uma velhinha.... A que se faz, se paga. Uma hora a vida da o troco...

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